sábado, 8 de dezembro de 2012

ROBERT PLANT

Arte de Jeferson Adriano

Na minha adolescência, quando descobri o rock, uma das bandas que fez minha cabeça foi o Led Zeppelin. A banda apresentava um rock pesado, mas com composições muito bem elaboradas e, tudo isso, com os dois pés fincados no Blues, o que, alguns anos depois, me fez curtir ainda mais o Led. Além disso, quando peguei uma guitarra nas mãos, queria aprender aqueles riffs fantásticos do senhor Jimmy Page.

O dia 29 de outubro de 2012, oportunizou-me realizar um sonho de adolescente. No palco do ginásio Gigantinho, em Porto Alegre/RS, estava o senhor que foi o band líder e a voz do Led Zeppelin, Robert Plant. Ele veio ao Brasil com sua mais recente turnê ao lado de sua banda de apoio, a Sensational Space Shifters, um time de ótimos músicos e totalmente integrados ao projeto de Plant. Robert ainda solicitou que o show de abertura fosse com um músico que representasse a música regional do Sul, e neste caso, foi escalado Renato Borghetti, que faz um som regional com uma mistura jazzística. Perfeito!

Arte de Henry e Fafá Jaepelt
Pontualmente às 21h30, Robert Plant subiu ao palco mostrando que não ficaria à sombra do passado. Durante a primeira metade do show mostrou músicas do seu mais recente disco, onde a influência da música indiana e africana são marcantes. Influências estas incorporadas na releitura de clássicos do Blues como “Spoonful” e de sua grande banda, como em “Black Dog”. “Ramble On” fez o público cantar junto e ovacionar o ídolo, já que manteve-se o arranjo original. Quando o riff de “Whole Lotta Love” soou no palco, o ginásio veio a baixo, mesmo que Plant logo mostrasse uma sonoridade diferente. O show transcorreu tão bem, que sem se perceber, passou-se 1 hora e meia de música.

Aos 64 anos de idade, Robert Plant teve fôlego para voltar ao palco e brindar o público, que lotou o Gigantinho, com dois clássicos do rock e do Led Zeppelin: “Going to California” e “Rock’n’roll”, aí com o público cantando, digo, gritando de euforia.

Confira o vídeo de "Rock'n'roll" ao vivo em Porto Alegre gravado por Denilson Reis e editado por Anderson Ferreira:


Ingresso para o show de Robert Plant em Porto Alegre/RS:



Texto: Denílson Rosa dos Reis
Ilustrações: Jeferson Adriano (MG) e Fafá & Henry Jaepelt (SC)

sábado, 22 de setembro de 2012

IRON MAIDEN

Ilustração de Gazy Andraus

Espetacular! Simplesmente espetacular! Foi assim o show que o Iron Maiden fez no dia 4 de agosto de 1992 no Gigantinho.

Encerrando a parte brasileira da turnê mundial “From Here To Eternity”, em lançamento de seu novo LP “Fear Of The Dark”, Iron Maiden chegou à Porto Alegre para um show magnífico. O show do Iron é um daqueles imperdíveis, uma oportunidade única, e por isso certamente foi o motivo para a vinda de aproximadamente 20 ônibus do interior do estado para Porto Alegre. Cerca de 10 mil pessoas – público bom, levando-se em consideração a situação do povo brasileiro e o alto preço dos ingressos – foram ao delírio quando Dave Murray e Janick Gers (guitarras), Nicko McBrain (bateria) e Steve Harris (baixo) literalmente comandados por Bruce Dickson (vocal), subiram ao palco após a rápida abertura da banda Thunder, também da Inglaterra.

O primeiro petardo da banda foi “Be Quick Or Be Dead” do novo LP para logo em seguida levarem o público ao êxtase com a clássica “The Number Of The Best” e aí as clássicas não pararam a não ser pela execução das músicas do novo LP, cerca de 5 músicas. O público urrando e o Iron detonando o seu metal de alta qualidade. Os músicos são realmente excelentes! Nicko McBrain ficou simplesmente escondido atrás de sua imensa batera; Steve Harris sempre foi considerado um dos melhores baixistas do heavy metal e realmente ele o é; Dave Murray mostrou tudo que sabe; o estreante Janick Gers conseguiu fazer com que não sentíssemos a falta de Adrian Smith com uma estupenda apresentação; enquanto isso Bruce Dickson comandava o show levando a galera, correndo de um lado para o outro do palco e soltando um poderoso vozeirão.

Quase no final do show, que durou aproximadamente duas horas, foi à vez de o monstrengo Eddie subir ao palco. O show como falei no começo foi espetacular. Agora é só esperar uma remota volta do Iron.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Gazy Andraus (SP)

JORGE BEN JOR

Ilustração de Paulo Fernando

Para encerrar o Congresso da Cidade de Porto Alegre, nada melhor que muito suingue, balanço e alegria, em um show contagiante. A Prefeitura de POA acertou em cheio: Jorge Ben Jor. Ele é uma lenda viva da MPB, um verdadeiro ‘dinossauro’, redescoberto pela gurizada através de seu hit “W/Brasil” que rola direto em todas as FMs e AMs, até nas mais alternativas. E estão todos certos, independente do público alvo, o cara é bom mesmo.

O show foi no Largo Glênio Peres – centro de POA – no dia 19 de dezembro de 1993 para um público de mais ou menos 15 mil pessoas. Tinha de tudo, uma verdadeira fauna de tribos: os playboys de última hora, quase desavisados, o pessoal da MPB, os ‘locão’ de sempre e a galera do suingue, todos no maior embalo e numa boa.

No palco Jorge Ben Jor mandava ver com os sucessos da antiga como “Fio Maravilha”, “País Tropical”, “Taj Mahal” e músicas do seu mais recente disco, “23”, o 28º de sua carreira. Mas a música que levantou a galera foi realmente “W/Brasil”, cantada em coro por todos, foi de arrepiar. Jorge Ben Jor mostrou que está na melhor forma e aproveitando bem este momento de preferência nacional.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Paulo Fernando (CE)

domingo, 26 de agosto de 2012

BLACK SABBATH

Ilustração de Jusciano Carvalho

Quarta-feira não é o melhor dia para se curtir um show, principalmente se for no inverno e estiver chovendo. Mas, morar em Porto Alegre é isso, show internacional fim de semana fica sempre para RJ e SP, mas tudo bem. O Black Sabbath, lendária banda dos anos 1970 e a precursora do heavy metal chegou a POA dia 1º de julho de 1992, numa quarta-feira para um memorável show no Ginásio Gigantinho trazendo na bagagem além da segunda formação (Ronnie James Dio, Geezer Butler, Tony Iommi e Vinnie Appice), o lançamento do novo LP “Dehumanizer”.

O show estava previsto para as 21h e só às 20h e 45min foram abertos os portões, com um dado curioso. Dizem que metaleiro é agitador e anarquista. Mesmo com esta demora não houve tumulto na entrada, ao contrário do show do Faith No More – nada contra a banda, que 70% do público eram de “mauricinhos” e “patricinhas” e quase houve um massacre na entrada.

As 22h e 15min o Black Sabbath sobe ao palco vendo os quase oito mil metaleiros para uma viagem as origens do heavy metal. O show não poderia ser melhor, além das canções do novo LP o Sabbath detonou todas as músicas que o público queria ouvir. Ninguém ficou decepcionado, até eu que prefiro os vocais do Ozzy tive de dar o braço a torcer pro Dio, o cara comandou o público excepcionalmente e com um excelente vocal. Iommi não é considerado um guitarhero, mas sua guitarra precursora do heavy é incomparável. No solo Iommi detonou riffs pesados misturados a solos rápidos tendo como fundo um sintetizador monstruoso. Vinnie é um demolidor de bateria, enquanto Butler mantém a marcação para Iommi. O show foi maravilhoso, músicas como “War Pigs”, “Sabbath Black Sabbath”, “Heaven and Hell” e “Iron Man” levaram o público ao delírio. O bis não poderia ser mais paranóico, afinal eles atacaram de “Paranoid”.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jusciano Carvalho (DF)

IAN GILLAN

Ilustração de Sandro Andrade

Mais um dinossauro do rock desembarcou em Porto Alegre para alegria de autênticos roqueiros sedentos de um bom rock’n’roll. Ian Gillan, a voz do Deep Purple fez show no Auditório Araújo Vianna no dia 9 de maio de 1992 em lançamento de seu mais recente álbum “Toolbox”. Este é o 7º da carreira solo de Gillan, mas nada se compra a sua colaboração com o Deep Purple e até mesmo com o álbum que gravou nos anos 1970 com o Black Sabbath. Ano passado teve o Purple sem Gillan e sentiu-se a sua falta. Este ano tem o Gillan sem o Purple e sentiu-se falta deles. Mas vamos ao show.

Com meia hora de atraso começou o show que estava previsto para as 21h. Gillan subiu ao palco com cabelos soltos dançando e batendo palmas, o público vibra ao ver seu ídolo de perto. As músicas deste seu álbum “Toolbox” não são conhecidas do público, mas o pessoal aplaude a cada final de música. Mas quando Gillan chama “Black Night” à coisa é diferente e o pessoal canta junto, num clima emocionante. Gillan conduz o show exatamente como manda o figurino, solta seus famosos agudos e gemidos, toca harmônica, e, pasmem, faz um solo em uma tumbadora.

Enquanto isso a banda vai fazendo seu papel. O baterista Leonard Haze fica na sua; o guitarrista Dean Howard infelizmente deixa a desejar; o baixista Brett Bloomfield é um monstro, um excelente músico, o cara literalmente rouba o show de Gillan, fica o tempo todo batendo cabeça e fazendo caretas para o público. O show foi bom, isto se levando em consideração que era Ian Gillan que estava lá no palco. O final, a exemplo do show do Deep Purple foi com “Smock On The Water” e o público delirou.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Sandro Andrade (RS)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

RATOS DE PORÃO


Ilustração de Luciano Irrthum

O Ratos de Porão – João gordo, Jabá, Jão e Maurício – fizeram no dia 26 de outubro de 1991, uma memorável apresentação no Auditório Araújo Vianna em Porto Alegre. O público estava bem misto, alguns carecas, um bom número de punks e muitos headbangers e todos estavam à vontade para ver os Ratos de Porão. A abertura do show coube a três bandas locais: M-19, Sarcástica e Quadrilha de Morte. A melhor das três foi a Sarcástica que faz um som bastante influenciado pelo Metallica.

O Ratos de Porão entraram no palco na maior, sem aquele papo de abertura. Quando menos se esperava, lá estava João Gordo & Cia detonando o seu crossover (hard core/thrash-metal). O show começou legal, logo no começo João já detonava um carinha que subiu ao palco chutando o equipamento, azar o dele. João aproveitou para dizer: “enquanto tiverem babacas como este, não vai ter show em Porto Alegre”. Mais adiante João deu mais uma declaração: “pro pessoal que nos chama de traidores digo que a única coisa que mudou nos Ratos de Porão foi que eu estou uns 70kg mais gordo e o resto do pessoal estão cabeludos”. O som estava muito bom, musicas com “Beber Até Morrer” e algumas do começo de carreira tocadas em comemoração, junto com as covers “Work For Never” do Extreme Noise Terror, “Command” dos Ramones e “Ramones” do Motorhead. Alias a cover do Motorhead matou a pau.

Texto: Denílson Rosa dos Reis
Ilustração: Luciano Irrthum (MG)

ENGENHEIROS DO HAWAII


Ilustração de Marcelo Dolabella

Os gaúchos da banda de maior sucesso no cenário do pop rock nacional, os Engenheiros do Hawaii, fizeram no dia 09 de novembro um dos melhores shows de rock de 1991 em Porto Alegre. Claro, não querendo comparar com o lendário Deep Purple e o thrash do Sepultura e Ratos de Porão, que já é outra história. Há muito tempo tenho vontade de falar nos Engenheiros, pois já ouvi muitos me dizerem: “como tu podes gostar de uns caras como estes?”. Eu sempre gostei dos Engenheiros, foi a primeira banda gaúcha que eu curti, pois sempre achei o som da banda sincero. Sei que eles mudaram muito de lá para cá. Hoje praticamente já não agüento mais ouvir as declarações do Humberto, acho que ele ou se perdeu na poeira ou anda bobo demais, mas não consigo ver outra banda pop tão competente como eles, principalmente no palco.

O show começou pontualmente às 21h30min e só terminou 23h45min, após três bis. Os Engenheiros subiram ao palco ao som do hino do RS e saíram ao som do hino da Internacional Comunista. A primeira música que eles detonaram foi “O Papa é Pop” do LP homônimo. O público começou a agitar desde o começo, cantando praticamente todas as músicas, pois tirando as músicas do mais recente LP “Várias Variáveis” o público sabia na ponta da língua todas as demais letras das músicas. Como já disse, os Engenheiros são muito competentes no palco, Humberto faz tudo que uma tiete espera de um rockstar. Carlos mantém o pique normal de um baterista enquanto que Augustinho fica compenetrado quase que o show inteiro, só se soltando mais no palco quando Humberto procura arrastá-lo de um lado para o outro do palco.

O show só terminou após o terceiro bis, sendo que este, precedido de um fato curioso. Já havia sido acendida às luzes e uns 30% das 7 mil pessoas que foram ao show já haviam saído do Gigantinho quando de repente apagaram-se às luzes e a banda voltou ao palco. Foi interessante ver o pessoal que já havia saído voltar correndo novamente para dentro do ginásio.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcelo Dolabella (MG)

domingo, 10 de junho de 2012

FLUXO URBANO


Carlos, Denilson, Fernando, Luís, Eric e Taciano
Ilustração de Anderson ANDF

Banda formada em maio/1999 por João Cleber, Fernando e Denilson com a proposta de tocar cover de rock nacional. Após algumas reuniões e contatos, a banda se estabilizou com João Cleber (guitarra e voz), Fernando (baixo), Denilson (guitarra), Taciano (bateria), Mateus (teclado), Caríntia e Joseane (vocais). A estréia oficial da banda ocorreu em outubro/1999, na festa de aniversário da IEMAT, realizada no salão nobre da Câmara de Vereadores de Alvorada. A partir desta apresentação, muitos shows ocorreram, com a banda tocando nos principais bares e danceterias de Alvorada: Space Dance, Kissy Bar, Junior's Bar, Orion Pub Bar, Planet Beer e Tribo da Lua. O primeiro grande evento com a participação da banda foi o 1º Rock na Calçada, em agosto/2000, um show ao ar livre em plena Av. Getúlio Vargas, em Alvorada.

No final de 2000 a banda esteve por terminar, mas no início de 2001, com nova formação Taciano (bateria), Fernando (baixo), Denilson (guitarra), Eric (teclado), Luís (guitarra) e Carlos (voz) e nova proposta de trabalhar composições próprias a banda deu uma revitalizada. Em maio/2001 a banda participa do 1º Festival de Rock da Escola Estadual Carlos Drumond de Alvorada, realizado na Sociedade União de Alvorada, ficando com a primeira colocação.

A partir de junho/2001 a banda inicia uma série de apresentações na praça central de Alvorada organizadas pela Secretaria Municipal de Cultura, tais como: Dia Internacional do Meio Ambiente, 2ª Feira do Livro, Semana do Município. A banda ainda participou do IV Festival de Música de Porto Alegre/2001 com a música “Só Mais um Dia” e tocou no aniversário de 1 ano do Hipermercado BIG em Alvorada. A Fluxo Urbano finalizou o ano organizando um festa-show no Junior's Bar e tocando no Arenna Disco Pub. No início de 2002 a banda tocou em Cidreira, litoral gaúcho, em evento organizado pela Prefeitura daquele município. O show foi na Concha Acústica. Ainda em 2002 a banda trabalha composições próprias visando ao lançamento de um CD Demo. Mesmo lançando este CD com três músicas, desentendimentos internos levam ao fim da banda, que ainda teve tempo de tocar na 3ª Feira do Livro de Alvorada.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Anderson ANDF (RS)

A NOITE DA GUITARRA


Ilustração de DeLima Júnior

Dia 21 de setembro de 1991, o Auditório Araujo Viana foi palco do encontro de duas gerações distintas de guitarristas brasileiros. De um lado, a experiência de Robertinho do Recife e, de outro, a versatilidade de Frank Solari. Robertinho do Recife dispensa apresentações, seu talento é reconhecido internacionalmente por trabalhos que desenvolveu junto a ninguém menos que Jeff Beck e BB King. Já Frank Solari é um talento que desponta. Adepto do estilo Vai/Satriane, já chegou a um nível comparado aos próprios mestres. Em sua recém iniciada carreira Frank já pode se dar ao luxo de, junto com o guitarrista Duka Leindecker ter sido convidado a abrir os shows de Bob Dylan em sua turnê brasileira pelo próprio Dylan.

O show foi excelente, primeiro entrou Frank Solari com sua banda detonando temas próprios e músicas de Eric Johnson e Steve Vai. A banda do Frank é muito boa, principalmente o baixista Roger Solari, irmão do guitarrista. Robertinho do Recife começou o seu show tocando “Bolero” de Ravel, mas os clássicos não ficaram por aí, logo ele detonou a “Nona” de Beethoven que foi antecedida com uma excelente introdução de “Jesus, Alegria dos Homens” de JS Back a partir daí foi muitas e muitas viagens entre blues e sons pesados, sempre aliados de uma excelente técnica.

No final, para delírio do público os dois subiram junto ao palco para um duelo. Quem venceu? O Público! Este presenciou um dos melhores espetáculos de música instrumental.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: DeLima Júnior (RS) 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

DEEP PURPLE


Ilustração de Alex Doeppre
Cabelo branco e o melhor do rock’n’roll anos 70. Foi exatamente isto que o público gaúcho e até alguns catarinenses – estes que viajaram mais de 6h – puderam ver no Gigantinho, em Porto Alegre no dia 23 de agosto (1991), pois quem tocaria era nada mais, nada menos que Deep Purple. Com 23 anos de estrada, o Deep Purple é uma daquelas bandas que qualquer roqueiro que se preze gostaria de ver. Mais uma para por na lista das lendas vivas do rock que pisaram em Porto Alegre como Jethro Tull que veio em 1989 e o Eric Clapton em 1990.

O show começou pontualmente às 21h30min, com a abertura que ficou por conta de um dos pioneiros do rock gaúcho, Fughetti Luz, acompanhado do guitarrista Marcinho Ramos. O Fughetti é o principal letrista da Bandaliera e o Marcinho o guitarrista, e ambos empolgaram a massa com sucessos da Bandaliera. Após a abertura veio um show de raio laser e o Deep Purple entra detonando “Burn” e a galera, vai ao delírio para se deliciar logo em seguida com “Black Night”, onde a banda colocou trechos de “Child in Time”. Depois eles deram um tempo nos clássicos e atacaram com músicas do novo LP “Slaves and Masters”. Mas o público queria mesmo eram os velhos clássicos, e logo veio “Perfect Strangers” e “Highway Star”. Um dos momentos hilariantes ficou por conta do Blackmore quando ele ajoelhou-se e estendeu sua guitarra fender para a massa, inesquecível, principalmente para quem estava entre a primeira e segunda fila da pista como eu.

Com exceção do vocalista Joe Lyn Turner que deixou a desejar, a banda esteve ótima. A cozinha baixo/bateria de Glover/Paice respectivamente, manteve o pique. John Lord detonou “Aquarela do Brasil” em seu solo e Ritchie Blackmore extravasou tocando a “nona” de Beethoven ao melhor estilo do tempo do Rainbow. O show foi realmente demais, e para torná-lo inesquecível, o bis veio com “Smoke on the Water”. Depois de aproximadamente 1h45min o público saiu satisfeito por ter visto mais um dinossauro do rock bem de perto.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Alex Doeppre (RS)

FAITH NO MORE


Ilustração de Luciano Irrthum
Faith No More, a grande revelação do Rock in Rio II encerrou sua turnê Sulamericana em Porto Alegre no dia 27 de setembro (1991). O show prometia muito, pois a banda goza de um carisma enorme, tanto junto aos ouvintes de FM’s quanto junto ao pessoal do rock pesado, afinal eles conseguiram unir bem o peso do metal com o pop das FM’s.

A abertura ficou por conta da banda Maggie’s Dream, que tem como vocalista o ex-Menudo Robbie. Não é pela presença do Menudo, mas a banda não me empolgou nem um pouco, embora o baterista fosse muito bom. O público então, não perdoou, foi vaia em cima de vaia e uma chuva de papel atirado ao palco. Mesmo assim o cara não se intimidou e tocou quase uma hora. Após a abertura veio uma demora na entrada do FNM, ocasionado pela retirada do equipamento da Maggie’s Dream e a montagem do palco para o FNM. Mas valeu a pena, pois quando o FNM subiu ao palco o delírio tomou conta do público e ninguém mais se importou com a demora.

O FNM é realmente uma boa banda, e no palco, são melhores ainda. Mike Patton é um endiabrado, pula de um lado para o outro, faz caretas, bate cabeça, pirado total e ainda estava vestido ao melhor estilo sambista, com um terno de linho branco e camisa vermelha, é mole! Mas o que surpreendeu mesmo foi Jim Martin e Bill Gould, vestidos com trajes típicos gaúchos, bombachas, botas e até lenço no pescoço. Uma cena no mínimo hilária. De toda a banda, Mike Patton (vocal), Mike Bordim (bateria), Rodd Bottum (teclados), Jim Matim (guitarra) e Bill Gould (baixo), o que mais me surpreendeu foi mesmo o último, um excelente baixista, no seu estilo é claro. O show teve seu ponto alto do meio para o final, quando começaram a detonar músicas como “Surprise You’re Dead” “Epic” – que infelizmente não ficou muito bem executada, e o bis que veio com a versão de “War Pigs” do Black Sabbath.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Luciano Irrthum (MG)

domingo, 22 de abril de 2012

Roger Waters – The Wall Live Porto Alegre 2012


Arte: Paulo Fernando

Domingo, 25 de março de 2012, Porto Alegre presenciou a abertura da turnê “The Wall Live”, no Brasil, do ex-baixista do Pink Floyd, Roger Waters. Desde que saí do estádio Beira-Rio, palco do show, fiquei pensando em como definir o que assisti, mas não tenho palavras! Pensando bem, foi o maior espetáculo da Terra!

Imagine um show de rock que consiga misturar música, cinema, teatro, discurso ideológico e discurso pacifista. Sim, você está pensando em The Wall, mas o que ouvimos no disco ou vimos no filme de Alan Parker ainda é pouco para definir esta turnê de Roger Waters. Nunca imaginei que “O Muro” poderia ganhar, ao vivo, a força que a música de Waters e o filme de Parker já haviam me transmitido. O Show é um tremendo espetáculo, daqueles que ficamos estáticos, de olhos vidrados olhando para o enorme muro que cortava o estádio de uma lateral a outra do fundo do campo, muitas vezes deixando a banda no palco como segundo plano. Mas longe de ser demérito aos músicos, é um conceito de arte-espetáculo.

Certamente, o público ficou na dúvida de qual momento foi mais significativo. O início, com “In The Flesh”, vendo uma explosão de luz e fogos que culmina com um avião colidindo com o muro ou ao longo do espetáculo – volto a frisar, foi mais que um show – quando uma sucessão de imagens, frases, animações, bonecos gigantescos e um enorme javali inflável sobrevoando o público mostraram que o espetáculo é completo.

Quanto às músicas, todas cantadas com maior ou menor intensidade, emocionando a multidão, seja pela canção em si ou pela imagem que remetia à música. Ver o guitarrista no alto do muro em “Confortable Numb”, o letreiro de “Run Like Hell” tomando conta do muro, a mais pop, “Another Brick In The Wall Part 2” com o boneco gigante do professor e até mesmo o muro sombrio em “Hey You” fica difícil de escolher “o momento” do show. O espetáculo vai ficar eternamente em nossas memórias.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Paulo Fernando (CE)


Estádio Beira-Rio

ERIC CLAPTON – PORTO ALEGRE (1990)


Arte: Jader Correa

Eric Clapton foi considerado um deus da guitarra. Isto é um pouco demais. Mas o importante é que os brasileiros tiveram a oportunidade de ver o melhor show internacional que já veio para cá. È indiscutível o carisma de Clapton e a capacidade de satisfazer gerações, pois como explicar a diferença de idade entre as 17 mil pessoas que foram ao Gigantinho, no dia 16 de outubro de 1990. E não é só a questão de ir, mas sim de participar, tanto pela euforia como cantando em diversas músicas. É de se ressaltar que o show do Clapton não é de apelo comercial e sim levado para o rythm’n’blues. Mas vamos ao show.

Pontualmente às 21h30 as luzes se apagam, o público fica eufórico e começa a ouvir-se a parte instrumental de “Layla”, toada só pelo teclado. Logo Mr. Eric Patrick Clapton sobe ao palco para delírio do público. “Pretending”, música do último Lp de Clapton – Jorneyman, abre o show, mais umas músicas e ele ataca de “I Shot the Sheriff” de Bob Marley é o primeiro hit da noite, sem dar fôlego vem “White Room”, música de sucesso da época que Clapton tocava no Cream. A partir daí rolou muito rythm’n’blues e o melhor da noite, um super blues onde Eric mostrou que sua paixão pelo blues supera qualquer fama que outras músicas mais comerciais possam lhe dar. Eric Clapton já estava totalmente entregue ao show, apresentando certamente uma das melhores performance de sua turnê pelo Brasil. O público delirava com o show, aplaudia e urrava a cada música executada. O show foi chegando ao seu clímax e Clapton atacou com a romântica “Wonderfull Tonight”. Logo vieram as clássicas “Cocaine” e “Layla”. Tinha chegado ao fim, após 2h, o melhor show que Porto Alegre já imaginou poderia ver.

Mas ainda era pouco, Eric volta sozinho e faz umas improvisações na sua guitarra Fender Stratocaster preta, logo a banda já está no palco e o rock’n’roll volta a rolar por mais 30 minutos onde cada um dos músicos mostram pro que acompanham Clapton. A banda: Tessa Niles e Katie Kisson nos vocais, o tecladista Greg Phillinganes, o guitarrista Phil Palmer, o baixista Nathan East, este uma verdadeira fera do baixo que surpreendeu muito com suas excelentes intervenções. Outro que deu um show a parte foi o percussionista Ray Cooper que comandou o público por longos minutos ao lado do baterista Steve Ferrone. Mas quem deu o toque final foi mesmo Eric Clapton. E após 2h30 o público saiu do Gigantinho satisfeito, pois o show de Eric Clapton ficará na memória dos gaúchos como um dos melhores dos últimos tempos e de muitos que ainda virão.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jader Correa (RS)

quarta-feira, 14 de março de 2012

SEPULTURA


Sepulxama - Arte: Edgar Franco
Após aproximadamente dois anos de sua última e única apresentação em Porto Alegre a banda mineira de trash-metal Sepultura deu novamente o ar de sua graça. O show aconteceu no Ginásio Geraldo Santana com coordenação de Kátia Suman (Rádio Ipanema FM). O Sepultura acaba de voltar de uma tour pela Europa e EUA onde fez 52 shows de lançamento do seu último LP “Beneath the Remains”, lançado pelo respeitado selo Road Runner. Mas vamos ao show!

Quem abriu a festa foi o grupo de trash gaúcho GBRA, que deixou um pouco a desejar, obvio que há motivos. Mas logo a fera sobe ao palco e aí ninguém mais parou. O som super “paulada” fazia a galera balançar a cabeça como de costume, mas com muito mais gosto é claro, pois estavam vendo uma das melhores bandas de trash do mundo e realmente o Sepultura esta com um nível internacional super aprimorado.

O show estava tão bom que até eu, que não sou head banger, gostei. O destaque do show ficou mesmo com o baterista Igor Cavalera que acabou confirmando o que eu já vinha dizendo, ele é um dos melhores do país. Sempre uma atração são os mergulhos dados do palco pela galera. Teve um momento que um locão subiu com as calças baixas no palco. Mas o que me surpreendeu foi o grande número de meninas no show.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Edgar Franco (MG)

ROD STEWART


Arte: Edgard Guimarães
Parece perseguição, mas a cada show que acontece em Porto Alegre a tendência é chover, pelo menos é o que acontece na maioria das vezes. Neste domingo de páscoa (26/03/1989) onde o cantor inglês, mas escocês de coração Rod Stewart se apresentou no Estádio Olímpico, tudo indicava que a chuva iria rolar solta, pois começou a chover no sábado à noite, mas felizmente o último toró foi domingo às 18h. 21h, Barão Vermelho sobe o palco para abrir a festa, os fãs que me desculpem, mas o que salva são as músicas da época do Cazuza como Maior Abandonado e Bete Balanço. Não sei como os leitores da Bizz deram o 3º lugar como melhor baixista de 1988 para o Dé.

Após meia hora de Barão, começou o corre-corre no palco, todos empenhados a cuidar o máximo para a entrada do Rod. Já eram 22h, todos impacientes, de repente apagam-se os refletores e Rod entra no palco, delírio da massa, agitação total, gritos, aplausos, tudo em nome da alegria e eu só de canto. O show rolava e eu cuidava todos os pontos, claro que o Rod não tem muito a ver com meu gosto musical, mas se levarmos em conta as músicas do cara, veremos que o show tem o seu valor, pois ele sabe fazer uma verdadeira balada. Escutando aquelas músicas vemos como o romantismo está fraco hoje em dia, não existe mais aquele violão no início da música e nem aquele solo de guitarra. Hoje é só teclado eletrônico do início ao fim.

Claro que no show não poderia faltar os sucessos pasteurizados pelas gravadoras. Mas entre tudo isso temos de elogiar a competência da banda que acompanha o Rod. Todos muito bons, como o saxofonista que fez seu pequeno show ou o baterista que foi uma das estrelas da noite, com uma performance num solo que certamente nos leva a crer que sua escola não é outra senão o falecido e memorável Bonzo. O guitarrista esteve sempre muito bem, mas para não ficar para traz o guitar-base resolveu duelar com o solista e foi genial. Mas o ponto alto realmente ficou mesmo para o rock’n’roll. Final de festa, foram 2h de show mais o tradicional bis, tudo para o registro de outro astro do rock internacional que pintou por estas plagas.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Edgard Guimarães (MG)