sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A VOLTA DO IRA!

Arte de Francisco Vilachã
O Ira! é uma daquelas bandas que quanto mais o tempo passa mais é bacana de ouvir. Suas músicas parecem que não envelhecem, mesmo com quase 30 anos. Desta forma, saber que a banda retomou suas atividades com novas músicas, novas turnês, depois de alguns anos em que Nasi e Scandurra chegaram ao ponto de nem mais se falarem, foi a grande notícia para os fãs do bom rock nacional do século passado.

Já escrevi em outras oportunidades, mas é sempre bom mencionar novamente: considero o Ira! a grande banda do rock brasileiro. Os caras conseguiram uma legião de fãs sem se atirar de corpo e alma nas mãos do 'mainstream'. Foram aos poucos mostrando sua competência e fazendo pequenas concessões quando necessário. O Nasi é um carismático 'bandlider' e tem um pé na música 'black' que é muito forte – seu projeto “Nasi e os Irmãos do Blues” comprovam isso. Já Scandurra é o próprio rock'n'roll em pessoa, o melhor 'guitarhero' do rock nacional, e não pelas poses, sim pela energia de palco.

A volta do Ira! nos palcos gaúchos ocorreu no auditório Araújo Vianna, além de uma tour pelo interior do estado. No Araújo, a banda esgotou os ingressos na primeira apresentação, em agosto/2014 e, retornou no dia 25 de outubro para novamente lotar o auditório. Já havia visto o Ira! ao vivo em outras duas oportunidades, mas estava curioso para encarar os caras neste seu retorno.

O show de quase 2h de duração que contou com 2 bis comprovou o que eu esperava. Os caras estavam muito a fim de voltar a tocar. O público ficou satisfeitíssimo pois cantou junto e dançou o tempo inteiro, mesmo em um teatro com poltrona, o público sentou em raros momentos. Claro que o repertório ajuda, pois em 30 anos o Ira! construiu  uma carreira recheada de hits e todos eles estiveram presentes na apresentação: “Dias de Luta”, “Longe de Tudo”, “Flores em Você”, “Tolices”, “Núcleo Base”, Envelheço na Cidade” e tantas outras.

Neste retorno, Nasi e Edgar Scandurra são os membros remanescentes do quarteto original. Ao lado de Nasi e Scandurra tocam: Daniel Scandurra (baixo), Johnny Boy (teclados) e Evaristo “Vara” (bateria). Nasi confirmou toda sua liderança e carisma no palco, interagindo com o público. Scandurra é fantástico! Tocando guitarra como canhoto e sem inverter as cordas, consegue sonoridades múltiplas. O cara é um show a parte, tem uma desenvoltura de palco e uma eletricidade que parece ligado em 220w. Saímos do show com vontade de ver novamente.

Para assistir um trecho do Ira! ao vivo em Porto Alegre, 
clic na foto abaixo


Momento tiete:
Após a apresentação, eu, minha esposa Rosi, meu irmão Derimar e minha cunhada Ana, fomos até o camarim tietar um pouco, tirar fotos, pegar autógrafos e bater um bom papo, mesmo que rápido. Scandurra foi bastante solícito e aproveitei para comentar com ele sobre uma música de seu disco solo Amigos Invisíveis, “Amores em BD”. Falei que curtia quadrinhos e que achei genial ele compor uma letra onde cita as heroínas dos quadrinhos, em especial as europeias. Ele ficou contente com a lembrança.

Denilson e Rosi com o guitarrista Scandurra
Ingresso autografado
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Francisco Vilachã (SP)

IRA! – Show de 2000

Arte de Francisco Vilachã
No início dos anos 80 fui a um festival de rock nacional por causa do Ultraje a Rigor, mas no mesmo dia assisti Legião Urbana e uma banda que me chamou muito a atenção: Ira! Passadas quase duas décadas, sou fã confesso desta banda.

Dia 23 de março de 2000, 1.500 pessoas – entre elas eu – assistimos ao show de lançamento do CD “Isso é Amor!”. Como era de se esperar, o repertório trouxe o CD na integra, onde se pode deliciar ótimas versões para clássicos do rock nacional como: “Teorema” da Legião, “Chorando no Campo” do Lobão, “Telefone” da Gang 90 e “Bebendo Vinho” de Wander Wildner.

O Ira! sabe que o público gaúcho é apaixonado pela banda, e hits foram tocados com emoção de primeira vez e o público cantando junto músicas como: “Dias de Luta”, “Envelheço na Cidade”, “Flores em Você” e “Núcleo Base”. Foi uma aula de rock’n’roll, apesar das ‘eletronisses’ de Scandurra, com direito a guitarra sendo quebrada no bis a lá The Who. Valeu Nasi, Scandurra, Jung e Gaspa! Valeu Ira!

Com o vocalista Nasi
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Francisco Vilachã (SP)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

WANDER WILDNER EM ALVORADA

Wander Wildner
O cantor e compositor Wander Wildner tem uma relação antiga com a cidade de Alvorada. Esta relação vem do final da década de 1980 e início da década de 1990, quando tivemos os primórdios e a consolidação do movimento punk no RS. Nesta época, Wander era vocalista da banda Os Replicantes. Como a banda estava em início de carreira, Wander tinha tempo para desenvolver projetos paralelos, e um destes, era como baixista da banda Kadafi. Com a Kadafi, Wander fez alguns shows em bares da cidade e conheceu o pessoal do rock alternativo, em especial as bandas de punk rock.

Quando Os Replicantes assinaram contrato com o selo Plug e participaram da coletânea “Rock Grande do Sul”, ao lado das bandas Garotos da Rua, TNT, De Falla e Engenheiros do Hawaii, e na sequência lançaram seu primeiro disco “O Futuro é Vortex”, Os Replicantes vieram fazer show em Alvorada, com Wander Wildner nos vocais. Neste período, a banda tinha uma legião de fãs graças a músicas como “Surfista Calhorda”, “Astronauta”, “Festa Punk” e outras. O show dos Replicantes na Sociedade União é lembrado até hoje pelos roqueiros quarentões.

Após sair dos Replicantes, Wander passou a tocar com a banda Sangue Sujo, onde, além dos vocais, passou a compor todas as músicas. Assim, foi construindo uma sólida carreira como compositor, consagrada com o lançamento do disco MTV Acústico Bandas Gaúchas, ao lado de Bidê ou Balde, Cachorro Grande e Ultramen.

Com a carreia consolidada, Wander Wildner voltou a Alvorada para 3 apresentações, dias 2, 3 e 4 de outubro de 2014, na Taberna da Arte, pequeno reduto do pessoal que milita na arte alternativa da cidade. As apresentações foram bastante intimistas, pois, além de tocar sozinho no palco, apenas com sua guitarra, o local pequeno abrigou um público seleto e super a fim de acompanhar o show. Wander foi tocando várias de suas canções ‘punk brega’ como ele costuma brincar: “Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro”, “Eu Acredito em Milagres”, “O Sol que Ilumina”. Mas, entre uma e outra, lembrou de colocar músicas de amigos como Jimi Joe (“Sandina”), Graforréia Xilarmônica (“Amigo Punk”) e Júpiter Maçã (“Lugar do Caranlo”). O público saiu mais do que satisfeito.

Para ver Wander Wildner ao vivo em Alvorada/RS click na imagem abaixo:


Texto: Denilson Reis
Video: Denilson Reis

ROCK NO PARCÃO

Pato Fú Made in Japan por Paulo Fernando (CE)
Sábado dia 18 de março de 2000, Barão Vermelho, Pato Fú e Ultramen foram convocados pela Claro Digital para embalar a festa de um ano da Claro no RS. A festa ocorreu no Parcão, tradicional parque de Porto Alegre. Para lá se dirigiram uma verdadeira multidão de porto-alegrenses e moradores das cidades da Grande Porto Alegre, afinal não é sempre que se tem uma festa deste nível totalmente grátis.

Às 17h30 começa a festa com a Ultramen, que embalou a galera com seu funk misturado com muito peso, detonando as já consagradas “Vou a mais de cem” e “Te liga bico”. Depois do peso da Ultramen veio o pop dançante do Pato Fú, que botou o pessoal para dançar e mostrou que ao vivo a banda é bem melhor que os hits de FMs. Fechando o sabadão, o Barão Vermelho mostrou porque é uma das melhores bandas de rock’n’roll do Brasil. Depois de dois CDs sem aquela pegada roqueira, Frejat e Cia. Mostraram que sabem animar uma festa, e que é possível dançar ao som do bom e velho rock’n’roll. Vida longa ao rock nacional! Vida longa ao Barão Vermelho!

Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Paulo Fernando (CE)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

SONORIDADES MÚLTIPLAS 03

Capa produzida por Sandro Andrade
Fanzine é uma revista de fã, uma publicação artesanal onde a pessoal que faz a publicação coloca alí aquilo que é fã. O blog Sonoridades Múltiplas surgiu para colocar online o material que publico de forma impressa no fanzine de mesmo nome. Este mês estou lançando mais um número do fanzine e quem estiver interessado em ter a publicação impressa com os artigos que são publicados neste blog, é só mandar um e-mail (tchedenilson@gmail.com).

Este zine resgata minhas andanças pelos palcos roqueiros com comentários de shows que assisti no final da década de 1990. Muito rock’n’roll, tudo ilustrado por feras do quadrinho nacional. Colaboram como ilustradores: Alex Doeppre (RS), Anderson Ferreira (RS), Batata (SP), Bira Dantas (SP), Diego Müller (RS), Gazy Andraus (SP), João Pedro Anselmi (RS), Laerçon Santos (SP), Luciano Irrthum (MG), Marcelo Tomazi (RS), Paulo Fernando (CE), Ronilson Leal (MG) e Sandro Andrade (RS). O zine traz também o encarte “A Era de Plástico”, editado por Alex Doeppre, destacando o rock dos anos 1980. São 20 páginas, formato A5, xerox, R$ 3,00.

GUNS’N’ROSES

Arte de João Anselmi
Na história do rock é cíclico aparecer a “banda” do momento. Na década de 1980, surgiu uma banda alardeada como o novo fenômeno do rock, o Guns’n’Roses. Num primeiro momento o pessoal do rock “das antigas” ficou com esta impressão, mas logo, em especial após a participação no Rock in Rio vimos que se tratava de uma grande banda, com músicos de primeira linha e composições que ficariam eternizadas na galera do rock.

Não tive o privilégio de ver o Guns’n’Roses no auge, com a formação clássica com Slash na guitarra e tal. Quando o Guns veio a Porto Alegre pela primeira vez com a formação em que sobrou apenas o Axl Rose como membro original da banda, não me senti com vontade de ir ao show. Não era o Guns que aprendi a curtir, então deixei a oportunidade passar. Mas, em 03 de abril de 2014, influenciado pelos meus filhos que queriam ir ao show, acabei vendo o Guns ao vivo.

Antes de falar do show é importante registrar o péssimo local escolhido, ou melhor, a estrutura montada para o evento: o pavilhão da Fiergs. O palco ficou muito baixo e quem estava a partir da quinta ou sexta fileira de público só via cabeças e braços abertos para cima. Tivemos que ficar empoleirados numas grades de contenção, bem no final do pavilhão. O som ficou horrível, sem a mínima definição.

Mas vamos ao show. Embora em um local ruim e com som péssimo, o show em si é um espetáculo. Temos ao longo de 3 horas um desfile de hits radiofônicos e clássicos do rock. Standard do rock com “Welcome To The Jungle” e “Paradise City”; baladas como  “November Rain” e “Don’t Cry”; metaleiras como “You Could Be Mine” e “Sweet Child O’Mine”; releituras como “Live and Let Die” e “Knookin’on Heaven’s Door”; e tantas outras, sem falar que entre uma e outra música a banda chamava parte de músicas do Led Zeppelin, Rolling Stones e até o “Tema da Vitória do Senna”. O público cantava junto, o que fazia o fato da sonorização ruim ser amenizado. Aliás, o público delirou mesmo, curtiu muito o show, até porque a grande dúvida seria a performance de Axl Rose, a estrela remanescente do Guns, e esta dúvida foi sanada com Axl cantando bem e tendo uma desenvoltura no palco parecida com as do auge do Guns’n’Roses.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: João Pedro Anselmi (RS)

Guns’n’Roses ao vivo em Porto Alegre



Clic na foto para ver o vídeo gravado por Denilson Reis

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

METALLICA

Ilustração de João Pedro
No dia 06 de maio de 1999, Porto Alegre recebeu um show realmente de peso: Metallica. Quem fez as honras da abertura da noite foi a banda da casa, ou seja, o Sepultura, que trouxe na bagagem o novo CD “Against” e um novo vocalista, o norte-americano Derrick Greene. Claro que o Max Cavalera faz falta, mas mais pelo que representa a figura do Max do que pela imposição vocal. Neste quesito, Derrick Green foi um escolha acertada. O Show do Sepultura foi bom, procuraram tocar todos os clássicos que o público espera ouvir, com destaque para a antiga, mas muito boa, “Toops of Doom”.

Depois de meia hora para troca de equipamentos, é a vez de o Metallica subir ao palco ao som de uma trilha sonora que parecia abertura de um filme de faroeste. James Hetfield e Kirk Hammett (guitarras), Jason Newsted (baixo) e Lars Ulrich (bateria), fizeram um show bom, mas muito longo. Embora o show fosse para divulgar o novo CD “Garage Inc.”, o Metallica tocou músicas de todos seus trabalhos anteriores, o que agradou aos verdadeiros fãs, mas desgostou aos iniciados de última hora. Particularmente não tenho do que reclamar pois o que eu queria ver o Metallica tocar, eu vi: “Mater of Puppts”, “One”, “Sad But True”, “Nothing Else Matters” e o hit do álbum preto, “Enter Sandman”. O problema é que o show ficou longo com muitas músicas pouco conhecidas do público.

No final ficou a sensação de dever cumprido. Assistimos há um ótimo show, com um som de primeira qualidade, de uma banda que conquistou seu espaço no cenário das grandes bandas.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: João Pedro Anselmi (RS)

OS CHEGADOS

Arte de Anderson Ferreira
Finalmente posso dizer que vi uma grande atração do cenário pop/rock nacional em minha cidade: Alvorada/RS. As grandes bandas gaúchas já haviam tocado por aqui, mas nunca esperei que não fosse preciso ir a Porto Alegre para ver um show como o “OS Chegados”. O show é uma ‘jam session’ com músicos consagrados do rock nacional. Em Alvorada vieram: Rodolfo e Canisso (Raimundos), Nasi (Ira!), Black Alien (Planet Hemp), a turma do Rumbora e os gaúchos, Rafael Malenoti (Acústicos & Valvulados), Piá (happer) e a galera da Comunidade Nin-Jitsu.

A festa começou com o show de abertura a cargo da banda Rumbora, que mostrou muita pegada com ótima presença do baterista Bacalhau, mas não chegou a levantar a galera. Credito a isso, a falta de conhecimento das músicas. Mas o que interressava mesmo era a ‘jam’ que iniciou com o Rumbora chamando Rodolfo ao palco pra detonarem clássicos dos Ramones com “Rock’n’roll Radio”, “Sheena is a Punk Rocker” e “Surfin Bird”. A estas alturas, Canisso já tinha mostrado a que veio. A melhor parte do show foi quando Nasi assumiu os vocais e detonou Sex Pistols, The Clash e mais Ramones. Neste momento, Rafael faz as horas da casa cantando uma do TSOL.

No terceiro momento o palco tinha mais de dez componentes, entre os já citados, juntou-se a galera da Comunidade Nin-Jitsu para cantarem “Detetive” e “Surfista Calhorda”. Depois a Comunidade chamou Black Alien e o happer Piá para o momento reggae e hap da noite. No final a formação que iniciou a noite volta ao palco para detonar mais clássicos nacionais e internacionais: “Até Quando Esperar” (Plebe Rude), “Give Way” (Red Hot Chilli Peppers) e “Enter Sandman” (Metallica). Na saideira, Nasi chamou “Núcleo Base” e meio no improviso tocaram “Puteiro em João Pessoa”. A gelera agradeceu e queria mais, mesmo depois de 3 horas de show.

Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Anderson ANDF (RS)