Ilustração de Jusciano Carvalho |
Quarta-feira não
é o melhor dia para se curtir um show, principalmente se for no inverno e
estiver chovendo. Mas, morar em Porto Alegre é isso, show internacional fim de
semana fica sempre para RJ e SP, mas tudo bem. O Black Sabbath, lendária banda
dos anos 1970 e a precursora do heavy metal chegou a POA dia 1º de julho de
1992, numa quarta-feira para um memorável show no Ginásio Gigantinho trazendo
na bagagem além da segunda formação (Ronnie James Dio, Geezer Butler, Tony
Iommi e Vinnie Appice), o lançamento do novo LP “Dehumanizer”.
O show estava
previsto para as 21h e só às 20h e 45min foram abertos os portões, com um dado
curioso. Dizem que metaleiro é agitador e anarquista. Mesmo com esta demora não
houve tumulto na entrada, ao contrário do show do Faith No More – nada contra a
banda, que 70% do público eram de “mauricinhos” e “patricinhas” e quase houve
um massacre na entrada.
As 22h e 15min o
Black Sabbath sobe ao palco vendo os quase oito mil metaleiros para uma viagem
as origens do heavy metal. O show não poderia ser melhor, além das canções do
novo LP o Sabbath detonou todas as músicas que o público queria ouvir. Ninguém
ficou decepcionado, até eu que prefiro os vocais do Ozzy tive de dar o braço a
torcer pro Dio, o cara comandou o público excepcionalmente e com um excelente
vocal. Iommi não é considerado um guitarhero, mas sua guitarra precursora do
heavy é incomparável. No solo Iommi detonou riffs pesados misturados a solos
rápidos tendo como fundo um sintetizador monstruoso. Vinnie é um demolidor de
bateria, enquanto Butler mantém a marcação para Iommi. O show foi maravilhoso,
músicas como “War Pigs”, “Sabbath Black Sabbath”, “Heaven and Hell” e “Iron
Man” levaram o público ao delírio. O bis não poderia ser mais paranóico, afinal
eles atacaram de “Paranoid”.
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jusciano Carvalho (DF)