quarta-feira, 16 de março de 2016

THE ROLLING STONES EM PORTO ALEGRE

Arte de Gabriel Renner
No universo da música popular moderna e contemporânea, alguns artistas viraram clássicos, mas outros viraram lendas. Normalmente as lendas são aqueles que morreram para virar um mito, poucos se tornam lendas ainda em vida e os Rolling Stones conseguiram esta façanha. Quando anunciaram a vinda dessa lenda para Porto Alegre/RS pensei que não poderia ficar de fora, pois seria a oportunidade de vê-los ao vivo.

Num primeiro momento, ver os Stones seria algo de obrigação de qualquer roqueiro, mas após a apresentação da banda no dia 02 de março de 2016 no Estádio Beira-Rio, minha compreensão do que significa os Stones ao vivo mudou. Não era mais ver uma banda que escuto há três décadas e que tenho gravado na memória uma dezena de riffs guiterreiros. Ver os Stones foi ver um baita show de rock, mesmo que em cima do palco estivessem quatro caras com setenta anos de idade, a vitalidade deles foi algo inacreditável.

Quando o relógio marcou 21h, ouviu-se uma voz anunciar: “The Rolling Stones”. Na sequência veio o primeiro riff clássico da noite, “Jumpin Jack Flash”. No palco comecei a ver Keith Richards, Ron Wood e Mick Jagger. Pela minha colocação na arquibancada, quase rente ao palco na diagonal, não foi possível acompanhar Charlie Watts na bateria, só quando Jagger o apresentou ao público e ele veio a frente do palco. Ver essas lendas ali na minha frente foi algo mágico. Quando Jagger veio até a lateral do palco e ficou frente a nós, vi minha esposa apontando para ele com uma mão e com a outro segurando o queixo como quem diz “eu não acredito, é o Mick Jagger”. Sim pessoal, esta foi a expressão do público ao ver essa lenda viva do rock.

Durante 2h os Stones desfilaram clássicos da banda e, mesmo tocando músicas como “It’s Only Rock’n’Roll (But I Link It)”, “Let’s Spend The Night Together”, “Paint It Black”, “Honky Tonk Women”, “Star Me Up”, Miss You” e tantas outras, o certo é que qualquer que fosse o setlist, sempre vai faltar alguma música para os fãs, afinal 50 anos de carreira não são 5. Alguns momentos foram marcantes: em “Gimme Shelter” a vocalista Sasha Allen soltou a voz e ganhou o público; em “Sympathy For The Devil” tivemos um show de imagens personalizadas no palco e telões.

Quem acompanha a banda sabe de sua relação com o blues. O nome já é uma referência a uma música do Mestre Muddy Waters. “Brown Sugar” certamente foi a mais esperada pelos blueseiros que foram conferir os Stones. Ao assumir os vocais, Keith Richards mandou ver no blues e fez uma dobradinha de guitarra com Ron Wood. Mick Jagger fez os 48 mil espectadores do Beira-Rio cantarolar um blues num momento espiritual de fazer arrepiar. Viva o Blues!

Durante o show a chuva começou a apertar até que muita água começou a rolar. Num primeiro momento todos ficaram apreensíveis, como ficará a apresentação. Mas, quando Jagger viu o público interagindo mesmo “debaixo d’água”, sentiu que deveria dar algo a mais. Por outro lado, o público vendo aquele senhor de 72 anos saracoteando independente da chuva que caía, fez com que o público ovacionasse ainda mais a banda. No fim, a chuva criou uma simbiose entre banda e público que só ressaltou a grandiosidade da apresentação.

No bis, o Coral da Puc-RS subiu ao palco para acompanhar os Stones em “You Can’t Always Get What You Want”. Genial isso! Muito bacana ver a preocupação da banda em interagir com a cidade e com as pessoas onde eles vão tocar. Durante o show Mick Jagger conversou em português em vários momentos e ainda brincou dizendo que Ron Wood era gaúcho. Para encerrar, “(I Can’t Get No) Satisfaction” não poderia deixar de ser a música escolhida. Não é a música que mais curto, mas esperei mais de três décadas para gritar bem alto na frente dos Stones: “I CAN’T GET NO SATISFACTION”.

Assista aos Rolling Stones ao vivo em Porto Alegre clicando na imagem abaixo:

Stones, Honky Tonk Woman

Veja a galeria de fotos do show dos Rolling Stones em Porto Alegre clicando na imagem abaixo:



Texto e vídeo: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Gabriel Renner (RS)