quinta-feira, 19 de julho de 2012

RATOS DE PORÃO


Ilustração de Luciano Irrthum

O Ratos de Porão – João gordo, Jabá, Jão e Maurício – fizeram no dia 26 de outubro de 1991, uma memorável apresentação no Auditório Araújo Vianna em Porto Alegre. O público estava bem misto, alguns carecas, um bom número de punks e muitos headbangers e todos estavam à vontade para ver os Ratos de Porão. A abertura do show coube a três bandas locais: M-19, Sarcástica e Quadrilha de Morte. A melhor das três foi a Sarcástica que faz um som bastante influenciado pelo Metallica.

O Ratos de Porão entraram no palco na maior, sem aquele papo de abertura. Quando menos se esperava, lá estava João Gordo & Cia detonando o seu crossover (hard core/thrash-metal). O show começou legal, logo no começo João já detonava um carinha que subiu ao palco chutando o equipamento, azar o dele. João aproveitou para dizer: “enquanto tiverem babacas como este, não vai ter show em Porto Alegre”. Mais adiante João deu mais uma declaração: “pro pessoal que nos chama de traidores digo que a única coisa que mudou nos Ratos de Porão foi que eu estou uns 70kg mais gordo e o resto do pessoal estão cabeludos”. O som estava muito bom, musicas com “Beber Até Morrer” e algumas do começo de carreira tocadas em comemoração, junto com as covers “Work For Never” do Extreme Noise Terror, “Command” dos Ramones e “Ramones” do Motorhead. Alias a cover do Motorhead matou a pau.

Texto: Denílson Rosa dos Reis
Ilustração: Luciano Irrthum (MG)

ENGENHEIROS DO HAWAII


Ilustração de Marcelo Dolabella

Os gaúchos da banda de maior sucesso no cenário do pop rock nacional, os Engenheiros do Hawaii, fizeram no dia 09 de novembro um dos melhores shows de rock de 1991 em Porto Alegre. Claro, não querendo comparar com o lendário Deep Purple e o thrash do Sepultura e Ratos de Porão, que já é outra história. Há muito tempo tenho vontade de falar nos Engenheiros, pois já ouvi muitos me dizerem: “como tu podes gostar de uns caras como estes?”. Eu sempre gostei dos Engenheiros, foi a primeira banda gaúcha que eu curti, pois sempre achei o som da banda sincero. Sei que eles mudaram muito de lá para cá. Hoje praticamente já não agüento mais ouvir as declarações do Humberto, acho que ele ou se perdeu na poeira ou anda bobo demais, mas não consigo ver outra banda pop tão competente como eles, principalmente no palco.

O show começou pontualmente às 21h30min e só terminou 23h45min, após três bis. Os Engenheiros subiram ao palco ao som do hino do RS e saíram ao som do hino da Internacional Comunista. A primeira música que eles detonaram foi “O Papa é Pop” do LP homônimo. O público começou a agitar desde o começo, cantando praticamente todas as músicas, pois tirando as músicas do mais recente LP “Várias Variáveis” o público sabia na ponta da língua todas as demais letras das músicas. Como já disse, os Engenheiros são muito competentes no palco, Humberto faz tudo que uma tiete espera de um rockstar. Carlos mantém o pique normal de um baterista enquanto que Augustinho fica compenetrado quase que o show inteiro, só se soltando mais no palco quando Humberto procura arrastá-lo de um lado para o outro do palco.

O show só terminou após o terceiro bis, sendo que este, precedido de um fato curioso. Já havia sido acendida às luzes e uns 30% das 7 mil pessoas que foram ao show já haviam saído do Gigantinho quando de repente apagaram-se às luzes e a banda voltou ao palco. Foi interessante ver o pessoal que já havia saído voltar correndo novamente para dentro do ginásio.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcelo Dolabella (MG)