quinta-feira, 14 de julho de 2011

LEGIÃO URBANA


Dia 4 de junho de 1988. Um sábado muito frio em Porto Alegre, principalmente porque ainda estamos no outono. Hoje tem Legião Urbana ao vivo no Gigantinho com o lançamento do LP Que País é Este e é para lá que vamos nós, bem agasalhados vermos este show. Mesmo pegando um pouco de chuva no caminho, chegamos sem problemas. Ainda era cedo, mas como iríamos de pista livre tínhamos que chegar cedo à fila. Alguns conhecidos podiam ser vistos nos arredores do ginásio e uns que chegavam mais tarde queriam furo na fila – que bronca! Abriram-se os portões e lá fomos nós disputar o melhor lugar para ver o show. Tudo estava normal, podiam-se ver algumas camisinhas flutuando pelo público. De repente começou a lotar o ginásio e o tradicional empura-empura começou. Estávamos comprimidos uns aos outros, tinha horas que chegávamos a flutuar, apenas escorados em outros. Dizia eu “quando começar o show o pessoal vai dar uma folga”, mas enquanto isso tínhamos que agüentar as pontas. Quem realmente sofria eram as meninas.


De repente apagaram-se as luzes e logo estavam Dado Vila-Lobos, Marcelo Bonfá, Renato Rocha e Renato Russo no palco, era a Legião entre nós. A primeira música foi Que país é Este, mas ali na pista continuava o empura-empura. O show prosseguia e logo o pessoal foi parando de empurrar e eu aproveitava para ir mais à frente. O show estava ótimo com letras bastante conhecidas, o público acompanhava o Renato sempre cantando, delírio! Logo Renato vira uma múmia mostrando como um cara de Brasília ficou de tanto tomar bolinhas. A cada música Renato lembrava algo: “está é para o pessoal que foi nos visitar no hotel – Quase Sem Querer; “vocês sabem que construíram uma usina num dos mais belos litorais do Brasil” – Angra dos Reis; Assim ele foi durante o show, teve música para os estudantes, mulheres, sobre a masturbação juvenil, etc. Um grande momento foi a lembrança aos que nos deixaram começando com Hendrix, passando por Joplin e chegando à Elis. Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas para mim quem realmente brilhou foi o guitarrista dado.


Acaba o show com a música Será. Logo eles voltam ao palco para tocarem mais duas: Índios e novamente Que País é Este, só que desta vez Dado barbarizou na guitarra.


Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Marcelo Dolabella

NEI LISBOA


Capão da Canoa é uma das melhores praias do litoral gaúcho e foi em Capão que Nei Lisboa começou uma série de apresentações pelo verão cultural, promoção do Codec e governo do estado. Logo pela manhã já começaram a montar o palco, para o show que deveria começar às 21h. Cheguei lá na hora, mas o Nei ainda estava passando o som prometendo voltar às 22h. Logo notei que a banda não viria. No momento não gostei da idéia, pois ainda não tinha visto o Nei ao vivo e gostaria de vê-lo com a banda. Antes de começar o show falei com o Nei que confirmou: “é, vai ser violão e voz”. Terá playback? “Não!”.


Logo que começou o show, Nei provou que pode manter um pique mesmo sozinho. Antes de o primeiro convidado subir ao palco, Nei tocou entre outras, “Toda Forma de Poder” e “Carecas da Jamaica”. Nei chama Mutuca (um dos percussores do rock gaúcho) e tocaram alguns blues com Mutuca acompanhando nei com a harmônica. O destaque ficou para a música “Faxineira”. Após mais algumas músicas Nei chamou mais um convidado, o Falcão – “não o jogador”, que interpretou Maria Betânia.


Nei Lisboa, 10 anos de carreira e 4 Lps, provou que mesmo sem a banda pode detonar seu som. No final fui cumprimentar o Mutuca pela sua participação e ele confessou: “achei que não conseguiria fazer o que fiz”. Mas fez!


Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Marcelo Tomazi